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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eventos Adversos Associados à Vacina Contra Febre Amarela

A febre amarela (FA) é doença muito grave e representa um risco importante à saúde
das pessoas que moram em áreas de risco ou que para as mesmas se dirijam. A vacina
correntemente em uso no país é o instrumento mais eficaz para evitar a doença.

Inspeções realizadas regularmente em Bio-Manguinhos por órgãos nacionais e internacionais, inclusive em janeiro de 2008, mostram que a sua produção atende a todos os requisitos técnicos de qualidade recomendados atualmente. É uma vacina que em geral acarreta poucas reações
adversas, com cerca de 5% das pessoas vacinadas apresentando febre, mal estar e mialgia entre
2 e 7 dias após a vacinação, com duração de 1 a 3 dias.

Entretanto, algumas pessoas podem ter eventos adversos mais intensos, e até mesmo graves e fatais, após a utilização da vacina contra FA, o que tem sido observado com vacinas de todos os produtores em muitos países.

Alguns desses eventos representam associações temporais com doenças intercorrentes,
ou mesmo com manifestações clínicas de doenças que os indivíduos já tinham, antes da
vacinação. Outras vezes, entretanto, tais eventos representam realmente reações mais intensas
ou graves à vacina contra FA, devido a maior suscetibilidade individual, por fatores conhecidos
e outros ainda desconhecidos. Estão sendo realizadas atualmente, em todo o mundo, muitas
pesquisas buscando esclarecer a natureza e causas de tais reações graves ou fatais.

Há alguns sinais e sintomas que podem indicar maior gravidade das reações e que implicam em
atendimento médico, se necessário com hospitalização, para acompanhamento cuidadoso, tais
como: febre, mal estar, mialgia intensas e com duração acima de 3 dias; prostração ou sensação
de fraqueza intensa e prolongada; cefaléia intensa e progressiva, nos primeiros 30 dias após a
vacinação. Além das manifestações supracitadas, alterações gastrintestinais, como náusea,
vômitos e diarréia, e dor abdominal intensa e prolongada são sinais de alerta para possível
agravamento do quadro.

Embora em vários casos a causa das reações mais intensas ou graves seja desconhecida,
há indicações de algumas situações que podem implicar em maior risco, como: portadores de
imunodeficiências congênitas ou adquiridas; pessoas com história de doenças do timo, pessoas
recebendo medicamentos imunodepressores, pessoas com alergia de tipo anafilático a ovo de
galinha, gelatina, eritromicina ou canamicina; pessoas que, após dose anterior da vacina contra
FA, tenham tido reações alérgicas graves à vacina contra FA e crianças com menos de seis
meses de idade. Estes indivíduos não devem ser vacinados, porém em situações de alto risco
para FA, cada caso deverá ser analisado individualmente.

Há ainda indicações de que pessoas portadoras de doenças auto-imunes, como lúpus
eritematoso sistêmico, podem ter maior risco de eventos adversos graves após a vacinação
contra FA. Tais pessoas somente devem ser vacinadas em situações de grande risco à doença
FA, após avaliação médica e análise cuidadosa de risco versus benefício.

Além disso, a primovacinação em pessoas mais idosas, especialmente após os 70 anos de idade, tem maior risco de eventos adversos graves. Estes, somente devem ser vacinados após a avaliação de cada caso, se a situação epidemiológica justificar o risco.

Os dados do sistema de informação de eventos adversos pós-vacinação mostram que a
revacinação é segura e em geral se acompanha de menor freqüência de eventos adversos, mas a
revacinação antes de decorridos 10 anos da última dose é desnecessária e por isso não
recomendada, além de sobrecarregar o sistema de saúde sem nenhum benefício para o
vacinado.

De dezembro de 2007 até o momento, o Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós
Vacina contra febre amarela registrou 52 ocorrências de casos suspeitos. Destes, 23 pacientes
foram hospitalizados, dos quais sete foram confirmados como eventos adversos graves,
associados à vacina, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Programa Nacional de
Imunizações. Os referidos casos foram analisados pelo Comitê Técnico de Eventos Adversos
Pós-vacinação do Ministério da Saúde. Dos sete eventos confirmados, um foi classificado como
doença viscerotrópica (acometimento de vísceras pelo vírus vacinal) e evoluiu para óbito. Os seis
restantes foram classificados como reação sistêmica possivelmente associada a um componente
vacinal, sendo que um evoluiu para óbito.

Referências Bibliográficas:
1. Brasil. Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-
Vacinação, 2007. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, 2007.
2. Monat, T. - Yellow fever. In: Vaccines – Third Edition, 1999. Stanley A Plotkin,
M.D. & Eduard A. Montimer, Jr., M.D. Philadelphia: WB Saunders, 1999: 815-80.
3. Centers for Disease Control and Prevention. Yellow Fever Vaccine,
Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP).
MMWR 2002.; 51(nº. RR-17): 1-10
4. Suzano, C.E.S., Estudo Prospectivo de Gestantes Inadvertidamente Vacinadas
contra Febre Amarela na Região de Campinas em Fevereiro e Março de 2000.
Dissertação de Mestrado. UNICAMP, 2003.
5. OPS. Manual para el Control de las Enfermidades tranmissibles. Public. Nº, 564,
17ª ed., 1997.

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