Doação de Medicamentos

Medicamentos dentro do prazo de validade podem ser doados no Hospital Militar ou na Igreja do Rosário
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domingo, 26 de julho de 2009

Manipulação da Hidroquinona em formas semi-sólidas

A hidroquinona (1,4-benzenodiol) é um agente despigmentante da pele. É utilizada topicamente no tratamento de despigmentação de manchas dermatológicas como melasmas, sardas, lentigos senis, hiperpigmentação pós-inflamatória, dermatite de berloque (causada por determinados tipos de perfumes).

A hidroquinona atua como um substrato da tirosinase, competindo com a tirosina e inibindo a formação de melanina. A hidroquinona é um dos despigmentantes mais utilizados na terapêutica dermatológica veiculada como monodroga ou em associação com outros ativos (ex. ac. retinóico, ác. Glicólico, corticóides etc) nas mais diversas formas farmacêuticas de uso tópico tais como loções, cremes e géis.

A concentração usual de hidroquinona varia de 2 a 10%. De modo geral para produtos que se destinam a aplicação facial a concentração normalmente utilizada varia de 2 a 5% e para aplicação no tronco e extremidade de 6 a 10%.

Ocasionalmente a hidroquinona pode provocar irritação da pele, com eritema ou até erupções, ocasião que o tratamento deve ser interrompido. Não deve ser utilizada próxima aos olhos, em lesões cutâneas, queimaduras solares, em crianças menores, gestantes, durante o período de lactação e na pele irritada ou com queimadura solar.

A hidroquinona se apresenta na forma de cristais aciculares (em forma de agulha), incolor ou branco de sabor adocicado e que se escure por exposição ao ar e a luz. Deve ser armazenado em recipientes hermeticamente fechados e protegidos da luz (ex. pote de vidro âmbar).

A hidroquinona se oxida com muita facilidade e é fotossensível. A hidroquinona é solúvel em 17 partes de água, 4 partes de álcool, 16 partes de éter, 51 partes de clorofórmio e em 1 parte de glicerina. Apresenta o ponto de fusão entre 172 e 174º C.

A hidroquinona é incompatível com álcalis (bases e meios alcalinos), sais férricos e agentes oxidantes. Em concentrações superiores a 3% a hidroquinona deve ser veiculada em emulsões aniônica. Portanto, em se tratando de formas emulsionadas tais como creme ou loções cremosas, as bases aniônicas tal como o creme lanette, sendo incompatíveis com bases não-iônicas.

A hidroquinona é compatível com géis aniônicos (ex. carbopol) e não-iônicos (ex. hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose).

A estabilidade da hidroquinona em meio aquoso é sensível à presença de íons metálicos, concentração de oxigênio e ao pH do meio. A velocidade de oxidação da hidroquinona aumenta em pHs mais altos. A hidroquinona apresenta maior estabilidade em meio ácido, na faixa de 4,5 a 5,0.

Preparações com hidroquinona são susceptíveis à oxidação, daí a importância de se usar antioxidantes para evitar o escurecimento da formulação decorrente da oxidação da hidroquinona. Antioxidantes para sistemas aquosos tais como o bissulfito de sódio, metabissulfito de sódio, ditionito de sódio ou combinações destes com antioxidantes para sistemas oleosos tais como bissulfito de sódio + BHT, metabissulfito + BHT, vitamina C + vitamina E são normalmente utilizados em preparações contendo hidroquinona.

O uso de agentes sequestrantes tal como o EDTA-Na2 é também recomendado para a quelação eventual de íons metálicos contaminantes presentes na formulação que poderiam favorecer cataliticamente a oxidação da hidroquinona.



Abaixo relacionamos as concentrações usuais e antioxidantes mais utilizados:



Sugestão de sistemas antioxidantes para formulações com hidroquinona e associações mais comuns.

Hidroquinona

1)Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) + EDTA-Na2 0,1%

2)Bissulfito de sódio 0,2 – 0,3% + BHT 0,1% + vitamina C pó 1,6%

3) Ditionito de sódio 0,6%

4)Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) + vit. C 1,6% + EDTA-Na2 0,1%

5) * Metabissulfito de sódio 1% + EDTA-Na2 0,1%



Hidroquinona + ácido retinóico

1)Bissulfito de sódio 0,2 – 0,3% + BHT 0,1% + vitamina C pó 1,7%

2) Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) + BHT 0,1% + EDTA-Na2

3) Metabissulfito de sódio (10% em relação a quantidade de hidroquinona) + Vitamina E (oleosa) 0,05%

4) ditionito de sódio 0,6% + BHT 0,05 – 0,1%



Hidroquinona + ácido glicólico

1) vitamina C 1,7% + vitamina E 1% + EDTA-Na2 0,1%

2) ditionito de sódio 0,6%



A aditivação de hidroquinona em bases semi-sólidas deve ser realizada com a sua trituração prévia com qs de propileno glicol, glicerina ou com dipropileno glicol até a obtençào de uma pasta fina com a incorporação subsequente.

Os agentes antioxidante poderiam ser levigados juntos com a hidroquinona ou solubilizados a parte em qs dos solventes compatíveis .

O metabissulfito de sódio , o bissulfito de sódio, ditionito de sódio o EDTA-Na2 e a vitamina C podem ser solubilizados em qs de água;

O BHT em qs de álcool e a vitamina E oleosa incorporada diretamente.



Preparações contendo hidroquinona devem preferencialmente serem acondicionadas em bisnaga de alumínio revestidas. Embalagens de plástico são normalmente permeáveis ao ar e potes de boca larga expõe indevidamente a preparação as condições atmosféricas e ao contato das mãos do usuário ao restante do produto com consequente favorecimento da degradação química e microbiológica da preparação.

É recomendável conservar as formulações magistrais com hidroquinona sob refrigeração e adotar um prazo de validade não superior a 3 meses.

* A hidroquinona de forma isolada na formulação pode ser armazenada fora da refrigeração durante 2 meses.



Referências:

1) García, Ma T.C.; Rubio, L.R.; Aliaga, J.L.V. Monografías Farmacéuticas. Colegio Oficial de Farmacéuticos de La Provincia de Alicante, 1998. p.542-543.

2) Ferreira, A.O. e colbs. Guia Prático da Farmácia Magistral. 2a edição. Juiz d eFora: editado pelo autor, 2002.

3) Souza, V.M. Ativos Dermatológicos. Vol.1. São Paulo: Tecnopress, 2003. p.57.

4) Clavijo, Ma. J. L.; Comes, V.B. Formulário Básico de Medicamentos Magistrales. Valencia: Distribuiciones El Cid, 2001.

5) Connors, K.ª; Amidon, G.L.; Stella, V.J. Chemical Stability of Pharmaceuticals. 2nd edition. New York: John Wiley & Sons, 1986.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Riscos de contrair HIV e Hepatite nas transfusões de sangue


O risco de infecção por HIV durante transfusão de sangue é dez vezes maior no Brasil do que em paises desenvolvidos, de acordo com estudo da Fundação Pró-Sangue de São Paulo. Isso significa que, por ano, entre 50 a 100 pessoas podem ser contaminadas.

O coordenador nacional da Política de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, atribui o problema à falta de um exame mais potente para diagnosticar a presença do vírus e ao fato de o brasileiro ainda recorrer à doação para saber se é ou não portador de HIV.

Segundo pesquizadores, 1 em cada 60.000 bolsas de sangue coletadas está contaminada por HIV e não é identificada no teste de controle dos bancos de sangue. No país são usadas 3 milhões de bolsas de sangue, em média, por ano, e cada uma pode ser disponibilizada a pelo menos duas pessoas. "Embora pareçam ruins quando comparados a países desenvolvidos, os índices brasileiros são bons", garantiu a médica Ester Sabino, da Fundação.

A tecnologia atual dos testes para avaliar a qualidade do sangue permite detectar a presença do HIV somente 12 dias após a infecção. "Se o doador tiver sido contaminado poucos dias antes, o teste dará negativo, a bolsa será usada e o receptor corre o risco de ser contaminado", explicou Genovez.

O problema, chamado de janela imunológica, ocorre também com a hepatite, que é de 70 dias. Em países desenvolvidos, a janela imunológica é reduzida pelo uso de um exame batizado de Nat, que procura encontrar traços do vírus. O Brasil deverá adotar essa tecnologia a partir do próximo ano. Com isso, a janela imunológica dos testes para Aids deverá cair de 12 para 8 dias. No caso da hepatite, ela deve baixar de 70 para 14 dias.


Fonte: Jornal Correio do Povo